sábado, 22 de agosto de 2020

Fort Malta - Pra o topo é o caminho

 Chamam-se Fort Malta e é por terras angolanas que já dão cartas no mundo do hip-hop.

Portugal🇵🇹 & Angola🇦🇴 em trabalho 💪🏿🎵✍🏻🌏

Aos 15 anos, Castello Platinah, G Clássico e Baby Black, são 3 amigos de escola que se uniram em 2019 para criar as suas próprias letras, seguindo os passos de grandes nomes do hip-hop angolano como Prodígio, dos afamados Força Suprema. 

Positivismo, força, fé e foco estão bem marcados no single "Pra o topo é o caminho", que já está disponível para download gratuito no MediaFire.  É só clicar AQUI.

Com a fome de vingar que lhes é característica, esperam-se novidades já para o final do próximo mês. Podem ficar a par de tudo pelo Facebook, com a certeza de que ainda vamos ouvir falar muito nestes meninos cá em Portugal🌟




quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Monólogo

 Cada um colhe exactamente o que plantou. Sim os conselhos ajudam, mas tu é que vais ficar responsável pelo caminho que escolheres. Tenta viver com a tua consciência porque não sou eu nem outra pessoa que vai poder prestar contas por ti depois.

Uma mente cansada não pensa direito, aproveita a hora do teu banho e faz também uma higiene mental.

Levanta a cabeça! Quero ver-te os olhos. Não fiques triste. Por quanto tempo vais ficar assim a queixares-te do mundo dos outros? Caminha segura e olha para os teus pés enquanto o fazes. Quando deres por ti, os que paravam para te olhar já te perderam de vista faz muito tempo. Mantém a tua consciência tranquila mesmo que todos os olhos te possam condenar. Tudo tem uma hora própria, o dia tem hora para ser dia e a noite tem hora para ser noite. A raiva faz-te mal á saúde e não te assenta bem. Deixa-me. Ver-te os olhos.

Vou descobrir a estrada e segui-la com os meus próprios pés. O passado já não é meu e agora a palavra final é minha. Se cair vão ser os meus joelhos a sangrar e vou ser eu a levantar-me. Porque, sabes, sou o que me tornei e não o que fizeste de mim. Não me vou distrair mais com as flores bonitas porque muitas delas só duram uma dúzia de horas. Aprendi contigo que o mundo não é mau as pessoas é que ainda não aprenderam a ser boas. És um herói, comporta-te como um herói.

Ok, era suposto eu desistir agora? Era suposto eu agora desistir? Fecho os olhos. Abro os olhos. Tudo igual. Fecho os olhos com muita força. Abro. Tudo igual. Corro para me esconder na muralha fortificada, intransponivel e segura. Enfio-me na cama. Quero sentir-me a salvo. Não sei como e preciso. Abro os olhos com força. Agora fecho. Não vejo nada. Abro e fecho devagarinho. Abro. Real. Fecho. Adormeço. Vou abrindo e fechando devagarinho, hora caindo na realidade ora ficando adormecida. Para não sentir. Sentir.
Não quero sentir. Ainda."

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Maria II


A avó nasceu em 1933 e nunca foi à escola. Aposto que teria sido genial se o tivesse feito. Fazia contas de cabeça que eu fazia na calculadora. Reconhecia palavras nos seus livros de religião quando me sentava ao lado dela para lhe ler um pouco. Sabia para quem eram as cartas que o carteiro trazia. E já sabia escrever  o nome. Por vezes dava com ela a treinar, num cantinho de um guardanapo, devagarinho, com a letra o mais cuidada que conseguia. Quando lhe corria bem, mostrava-me orgulhosa "vê lá se é assim que se faz".

Usava o telefone com normalidade, fixo, que as tecnologias já eram coisas a mais que "não eram para a idade dela". Os números de telefone que não sabia de cor, estavam escritos em papelinhos diferentes que ela fixava o destinatário e depois, cuidadosamente, marcava no telefone.

A avó sabia e ensinava coisas que não vinham nos livros nem se aprendiam na escola. Já disse que ela não ia ao Google nem precisava de tecnologias. O seu máximo capricho era uma telenovela brasileira antes do dia terminar. 

Ela não tinha a teoria, mas tinha a prática, a preciosa experiência. Como não sabia escrever, era na cabeça que guardava bem vivas todas as datas importantes (e outras que ninguém se dá ao trabalho de fixar). E eu, eu adorava ficar ali, só a ouvir. Mesmo que já tivesse ouvido a mesma coisa uma datas de vezes.
Nunca me cansava dela.

Quando cozinhava, a cozinha cheirava a amor. A comida sabia a amor.
Foi ela que me ensinou a safar-me nesse campo.

O casamento com o meu avô durou mais de 60 anos, até que que a morte chegou para ele, um ano antes de chegar para ela também. Ficou um caco, o cancro ao lado da perda do meu avô não era nada. A morte dele veio lembrar-me que afinal eles não eram tão imortais assim, e veio também debilita-la ainda mais. 
60 anos.
Lembro-me como ela pedia a Deus para ser a primeira a partir, nem que fosse 5 minutos antes dele. Não consigo imaginar a dor de perder um companheiro de tanto tempo. Talvez seja semelhante a perder uma parte do corpo, pior do que saber que se tem um cancro dentro dele.

Eles viveram numa época em que as meias rotas eram cozidas à mão. Só se compravam novas para "os dias bons", a "roupa de sair", "roupa do domingo". As coisas arranjavam-se, encontravam-se soluções, perdia-se tempo a cuidar daquilo que lhes era importante e útil. 

Talvez tivessem sido gestos de cuidado como este que os manteve juntos durante tanto tempo.
Hoje já não se cosem as meias rotas. 
Nem os casamentos duram 60 anos.

O nosso livro

 Esperei-te tanto. Talvez demais. Houve momentos em que senti mesmo que o nosso sentir era igual. Mas agora, olhando para trás, foram mais o...

Outros dias